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 O PRIMEIRO AMOR

Dizem
que o primeiro amor é o mais importante.
Isso é muito romântico,
mas não é o meu caso.

Algo entre nós houve e não houve,
se deu e se perdeu.

Não me tremem as mãos
quando encontro as pequenas lembranças
e o maço de cartas atadas com barbante
se ao menos fosse uma fita.

Nosso único encontro depois de anos
foi um diálogo de duas cadeiras
junto a uma mesa fria.

 

Outros amores
ainda respiram profundamente em mim.

 

Este não tem alento para suspirar.

 

E no entanto tal como é
deslembrado,
nem sequer sonhado,
consegue o que os outros ainda não conseguem:
me acostuma com a morte.

WISŁAWA SZYMBORSKA

DE "CHWILA" (INSTANTE), 2002

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fotos e site por manoela rónai

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